Não entendo (de Clarice Lispector)
No Programa Provocações por Antônio Abujamra
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
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agosto 18, 2010 at 4:03 am
humm…
mas tipo…
eu não entendi!
^^
agosto 25, 2010 at 9:42 pm
Quero a benção de perceber nas coisas simples o que há de mais complexo, e saber diferenciar complexidade de chatice e assim seguirei afirmando como o velho sócrates: “Só sei que nada sei.”