fotografia e texto | sissy eiko

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“Não pode colocar o pé no banco!”

Diversos tic-tacs no cabelo grisalho com uma trança na lateral amarrada com um laço de fita preto. Meia calça de náilon costurada com alguns pontinhos nas pontas dos pés. Olhos borrados pintados com lápis preto. Um sorriso nos lábios e um samba no pé.

É assim que se vive essa vida!

Uma vovozinha dançando com uma boneca de pano. Sua neta no colo de sua filha sentada na escada curtindo as batidas. Batidas do ziriguidum, batidas de seus corações. Nesses momentos as tristezas se dispersam nos molejos dos corpos. Os sorrisos se iluminam com as vozes dos sambistas. E o carnaval se transforma em memórias de um ano distante querido. As rosas não falam, o perfume se expande: bobagens jogadas ao vento.

Blusa listrada preta e branca, uma faixa de cabelo para combinar, colar de pérolas, uma saia preta até os joelhos e um sapatinho para combinar com o look, preto e branco é claro!

Vestido de oncinha, sandalinha de dedo, maquiagem no rosto, brinco de argola prateado, duas bolsas: uma de cada lado.

Vestido verde floresta com desenhos bordados, cabelo loiro curtinho, óculos escuros e um leque para espalhar suas alegrias.

Blusinha branca de mangas curtas bufantes que permite ver de relance sua barriga enquanto o requebrado se faz, jeans surrado, cabelos encaracolados presos com um nó acima da sua cabeça em direção as nuvens e sonhos.

Camisa de tricô duas cores amarelas, calça combinando, sapatinho preto altinho, fivela de cristais prendendo seu cabelo ao alto, e a escuridão de seus óculos iluminada pelo sorriso de orelha a orelha.

Blusinha amarelinho clarinho de sol, saia branca plissada, meia soquete curtinha e um tênis amarrado estrategicamente correto, postura de uma moça recatada, cabelos embranquecidos com o passar dos anos como suas mãos delicadamente segurando sua pequena bolsa marrom.

Ela se inquieta e talvez se incomode com a minha presença ao lado dela.

Talvez seja somente curiosidade!